terça-feira, 20 de outubro de 2009

Remédio caro e de graça

Remédio caro e de graça


Pacientes de classe média descobriram um atalho para conseguir, de graça, medicamentos da moda: o Judiciário. São remédios recém-lançados no mercado farmacêutico, não oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que, por um mandado judicial, chegam às mãos dos interessados. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que 95% dos pedidos de mandados e liminares contra o poder público são deferidos pela Justiça.

De acordo com pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde, 84% dos mandados são de pessoas que não dependem do SUS ? são atendidas pela rede privada ou por planos de saúde. São de classe média e 20% deles moram na região Centro-Sul da capital. Moradores de Venda Nova e do Barreiro representam apenas 6% e 5%, respectivamente.

Além do impacto financeiro ? para atender decisões judiciais, o governo estadual gastou R$ 7 milhões em 2005 (até outubro) e a prefeitura, R$ 460 mil ?, os gestores do SUS questionam a segurança em relação à saúde de quem usa os novos medicamentos. O subsecretário de Gestão e Logística da Secretaria de Estado de Saúde, Marcelo Teixeira, destaca que, se por um lado as inovações terapêuticas prometem tratamentos melhores, por outro há a desconfiança em relação aos testes de efeitos colaterais. Quanto mais novo o remédio, menos pessoas o usaram e, portanto, menos se sabe sobre as reações.

ERA DOS ADVOGADOS Segundo ele, pesquisa da Sociedade Internacional de Boletins Farmacológicos aponta que 80% dos novos produtos aprovados a cada ano em países desenvolvidos não apresentam vantagem sobre os tratamentos existentes. Para que o fornecimento das novas drogas, por mandados de segurança, obedeçam critérios científicos que atendam necessidades, o Ministério da Saúde pretende criar uma câmara técnica e uma câmara de conciliação para assessorar o Judiciário e as secretarias de Saúde.

?Vivemos a era do advogado de porta de consultório. Há situações curiosas, como o fato de serem sempre os mesmos médicos a prescreverem os remédios e os mesmos advogados a entrarem com os mandados. Não queremos restringir o direito natural da pessoa de lutar na Justiça por medicamentos. É preciso que sejam criadas leis que regulamentem o assunto, com critérios técnicos de exclusão e inclusão das novas drogas. Precisamos de mecanismos que protejam os pacientes de riscos indesejados e que isso também nos preserve de servirmos de reféns do mercado farmacêutico, que pressiona o poder público para criar uma porta de entrada para suas inovações terapêuticas?, afirma o subsecretário.

84% dos mandados são de pessoas que não dependem do SUS

6% dos pedidos são de pacientes que moram em Venda Nova

R$ 2,2 mil é o preço do Forteo, o remédio mais procurado

postado por Nightslash2020 (Thales,Caio e Thiago)

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